#2 Carlos Kill: Do suicídio até o Mundial

Do suicídio até o Mundial

Conheça a história do nosso embaixador, o surfista que perdeu tudo mas conseguiu dar a volta por cima e chegar no título mundial de surfe. 

Carlos José Kill, mais conhecido como Carlos Kill, é natural da cidade de Vitória, no Espírito Santo. Sua paixão pelo surfe nasceu quando ele ainda era um garotinho, na época seus primos mais velhos surfavam, enquanto ele ficava só assistindo e se imaginando dentro do mar. Com 10 anos ele “brincava” com a parafina, derretendo e fazendo bloquinhos para vender.

Isso durou uns 3 anos, até ele ganhar o melhor presente de sua mãe, sua primeira prancha: “era aquela loucura, uma paixão enorme pelo esporte, uma sensação de liberdade e alegria. O sorriso que ia de orelha a orelha quando pegava uma onda, mesmo quando era apenas uma reta, era muito gostoso, a sensação de ter sal na sua sobrancelha é mágica, eu via o mundo de outra forma".

Porém a vida tinha um propósito para ele, em 2003, quando estava indo surfar com seus amigos de carro, um acidente mudou totalmente sua vida. Além da perder um amigo, Carlos ficou tetraplégico, duas semanas em coma e três meses internado: “quando eu voltei a recordar os sentidos, eu tive que superar meus limites, por dentro estava todo quebrado, baço e fígado perfurados, vomitava muito sangue, vértebras quebradas, não foi fácil

Quando ele retornou para a casa, Kill revela que entrou em depressão e pensou em suicídio três vezes. Mas ao ver a tristeza e sofrimento de seus pais, tudo mudou, foi aí que ele juntou forças para dar a volta por cima: “ver eles daquele jeito, eu falei ‘não’, preciso reverter essa situação, já que eu não estou morto, vou ter que fazer algo que me faça seguir em frente” completou o surfista.

Inicialmente ele não sabia muito bem como superar seu trauma, ele colocou Deus e seus pais em primeiro lugar, pois iria fazer de tudo para que eles voltassem a ficar bem. Depois disso ele colocou na cabeça que ia conseguir sair da cama, retornar ao trabalho, vencer suas limitações e voltar a viver da melhor forma possível, passo a passo Kill foi conquistando etapas e melhorando aos poucos.

Depois de 5 anos se recuperando, ele conseguiu retornar ao mar para fazer o que mais ama, Carlos entrou para o surfe adaptado, categoria que atende aos surfistas que possuem algum tipo de limitação ou deficiência. Com muito foco e dedicação, se consagrou campeão brasileiro e foi convocado para fazer parte da seleção nacional e representar o Brasil no mundial em La Jolla na Califórnia, Estados Unidos. 

Lá ele disputou por três anos seguidos, sendo campeão duas vezes na modalidade por equipes (2016 e 2017) hoje ele enxerga o quão longe ele chegou: “estar entre os 10 melhores da minha categoria é muito orgulho, é um mundial né? Me considero um cara vencedor pelos perrengues que passei, veja onde eu cheguei, tentei me matar anos atrás e hoje estou aqui”.

Atualmente, Kill perdeu um pouco de seu interesse no Mundial por conta da falta de apoio, a maior parte do dinheiro investido saía do seu bolso. São poucos patrocinadores e a CBS (Confederação Brasileira de Surfe) apenas escolhe os atletas que irão participar, nisso os gastos vão todos para os surfistas, sendo alto os custos para quem vai viajar.

Por enquanto, ele quer dar um tempo do surfe competitivo, passar a praticar o esporte apenas por diversão e lazer, sem a pressão de competir e precisar conquistar as medalhas. “Quero dar um tempo dos campeonatos, é uma parada muito boa, mas mexe muito com sua cabeça, tem que estar bem psicologicamente, senão desmotiva demais, também precisa de um bom patrocinador para bancar as viagens, porque são muitos gastos, não tem como eu ficar tirando grana do meu bolso. Mas minha meta é continuar treinando sem cobranças, apenas no free surf”. Completou o campeão.

Assim como qualquer outra pessoa, Carlos tem muitos sonhos para realizar, mas os principais são ter saúde, uma boa família e ser “milionário de amigos”. Ele também revelou a sua grande vontade de conhecer o Havaí, considerada o berço do surfe, no qual seus principais ídolos surfam, futuramente pretende morar na Califórnia, lugar onde disputou os mundiais.

Quando perguntado sobre seus ídolos, Kill revelou ter vários, mas o principal sem sombra de dúvidas é Jay Moriarity, americano que fez muita história em Santa Cruz, descendo as ondas mais perigosas do mundo. Ele recomenda que todos assistam ao filme Chasing Mavericks, no qual ele já assistiu diversas vezes se emociona assistindo até hoje.

Hoje ele reveza seu tempo entre o surfe e a musculação, no qual recebe apoio da Point Fitness Academia, servindo como fortalecimento dos músculos, o que é de extrema importância, pois ele sente dores até hoje e é preciso atenção no tratamento.

Em 2018 Carlos Kill foi convidado para ser o nosso embaixador, além dos produtos e da camiseta dedicada a ele, com a sua frase marcante, “Máximo Respeito”. Durante o Mundial da ISA do mesmo ano, ajudamos o atleta com os custos de todo o transporte de sua prancha, ferramenta fundamental para a prática do surfe. Isso sem que ainda houvéssemos realizado uma única venda. Infelizmente não podemos arcar com todos os custos de uma viagem dessa dimensão. Mas vamos seguir ajudando o Carlos Kill e outros atletas que precisem do nosso apoio.

Como o próprio Carlos nos disse, é sempre importante se lembrar que:

“Nunca desista de seus sonhos, pois um dia eles se tornarão realidade, seja sempre você mesmo e faça a humildade prevalecer sempre”.
Aloha apoiadores!!

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