Como funciona o Surfe Adaptado?

O surfe adaptado é o esporte abrindo portas para a inclusão social, gerando oportunidade de igualdade e diversão para todos os envolvidos.


O surfe, por si só, já desperta a admiração de quem é apaixonado por
aventura. Agora imagina ir além, ter também a superação como elemento chave
para essa prática. Esse é o surfe adaptado, um esporte que abraça a todos,
independentemente de qualquer barreira física, pois conta principalmente com a
força de vontade para quebra dos obstáculos, ou melhor, quebra das ondas.

Todo mar tem o seu pirata e aqui não seria diferente.
No Brasil, o esporte precisava de alguém para abraçar esse espírito. Mais
que isso, um capitão para levantar âncora e içar velas. Foi aí que surgiu o ‘pirata’.
Sim, o surfista Alcino Neto, mais conhecido como Pirata, foi o pioneiro da
modalidade que hoje conta com uma equipe que representa a terra canarinha.
Atualmente, com 49 anos, o surfista tem muita história para contar...
Nascido e criado no Guarujá, litoral norte de São Paulo, Alcino começou
a surfar com apenas 8 anos de idade. Durante sua adolescência, já se destacava
nos eventos regionais pelo seu surfe fluido. Uma carreira promissora, mas que
nesse período teve uma reviravolta que poderia ter mudado tudo.
Em 1986, aos 15 anos, Alcino sofreu um acidente automobilístico causado
por um motorista embriagado. Devido a isso, o jovem surfista teve que amputar
a perna esquerda. O que para muitos seria o fim de uma história no esporte, para
Alcino Neto, foi apenas uma transição natural para um novo ciclo com o surfe,
algo que marcaria a vida dele e de várias pessoas posteriormente.

Quando a superação começa a tomar forma.
A mudança no estilo de vida e a transformação na maneira de encarar as
dificuldades são marcas registradas na história de Alcino, que agora passaria a
ser conhecido como Pirata, apelido carinhoso que ganhou dos amigos por conta
de sua prótese de madeira, que ele mesmo produziu.
Após superar o trauma e se adaptar à nova condição física do seu corpo,
Pirata voltou a praticar natação até se sentir seguro para retornar ao mar e voltar
a praticar o esporte que tanto amava. Porém, foi necessária uma nova técnica
para obter êxito no surfe, evoluindo assim a cada tentativa.
Pirata antes era um Goofy (surfista que apoia a perna direita à frente do
corpo), passou a posicionar a perna direita atrás do corpo e a mão direita à frente.
Ele também surfa utilizando a prótese, mas confessa que se sente mais à vontade e confortável surfando sem ela. Por essa razão, costuma usar a prótese apenas em ondas menores por questão de conforto e segurança.

Quando conseguiu aperfeiçoar a técnica e a autoconfiança, Pirata buscou
amparar outras pessoas que necessitavam de sua ajuda, então resolveu abrir
uma escola de surfe para deficientes físicos e crianças carentes. A Pirata Surf
Club, localizada na sua terra natal, proporciona um grande incentivo e motivação
para aqueles que as frequentam.
Hoje, além do sucesso das suas aulas, de ser um grande representante
do surfe adaptado no Brasil e no mundo, Pirata também é membro da seleção
de atletas brasileiros que disputa o torneio mundial de surfe adaptado, realizado
na Califórnia pela ISA, Associação Internacional de Surfe.

Agora nós vamos invadir sua praia.
Se você acha que o Pirata é o único representante em nossa seleção,
está ligeiramente enganado. Temos a bordo 10 atletas vestindo as cores verdes
e amarelas em águas americanas, todos prontos para desembarcar e conquistar.
O campeonato é realizado por modalidades, sendo elas:
AS-1 Surfistas em posição de pé
AS-2 Surfistas em posição ajoelhada
AS-3 Surfistas que surfam sentados em um wakeski
AS-4 Surfistas em posição de bruços
AS-5 Surfistas que andam em posição de pé e precisam de ajuda para rematar em ondas
AS-6 Surfistas com deficiência visual


Além das modalidades individuais, existe também uma premiação por
equipes, na qual a seleção com maior somatório de pontos é consagrada a
campeã. Advinha qual é a atual seleção campeã do mundo? Exatamente, o
Brasil, mais do que isso, somos bi campeões do mundo! É mole?!

<em>Equipe que representou o Brasil no Campeonato Mundial de Surf Adaptado, em 2017, foi composta por atletas de</em><br data-mce-fragment="1"><em>diversos estados: Jonathan Borba (SC), Roberto Pino (PE), Alcino Pirata (SP), Henrique Saraiva (RJ), Felipe Kizu (MG),</em><br data-mce-fragment="1"><em>Carlos José Kill (ES), Davi Teixeira (RJ), Figue Diel (SC), Fernanda Tolomei (RJ) e Monique Oliveira (SP)</em>

No ano de 2018, entre os dias 12 e 16 de dezembro, será realizada a quarta edição do evento, que espera receber atletas de mais de 25 países
diferentes. A nossa seleção brasileira está muito bem representada, com integrantes de 6 estados brasileiros em todas as categorias:

  • Na categoria masculina da AS1 temos o catarinense Jonathan Borba e o pernambucano Roberto Pino. Pelo feminino temos a jovem estreante Caroline Vitória representando o Rio de Janeiro;
  • Na AS2 temos o veterano e consagrado Alcino Pirata, atual campeão pela categoria que representa o estado de São Paulo. Pelo estado do Rio de Janeiro teremos o Henrique Saraiva, que é um dos fundadores da Adaptsurf;
  • Teremos também um mineiro em águas californianas, esse é o Fellipe Kizu, representante na AS3.
  • O talentoso capixaba Carlos Kill representa bem a nossa seleção pela modalidade AS4;
  • Davi Teixeira busca retomar sua posição como número 1 no rank pela AS5. Esta categoria conta também com uma representante feminina, a paulista Monique Oliveira;
  • Elias ou Figue Diel, como é conhecido, completa a equipe representando a seleção pela categoria AS6;
  • Para fechar o time, o nosso técnico é Luiz Phelipe Nobre, responsável pela fundação da ONG Adaptsurf.


Nossa tripulação já está pronta para desbravar as águas californianas.
Assim como a história do nosso Pirata, todos os nossos marinheiros surfistas
também personificam o que o surfe adaptado representa: determinação para
romper todos os limites. A My Wave deseja a todos os atletas e colaboradores
boa sorte e, principalmente, boas ondas. Contamos com a sua torcida!

Você pode acompanhar o Stance ISA World Adaptive Surfing
Championship ao vivo, pelo site da ISA: https://www.isasurf.org/

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